120 PASSOS

Geral

De acordo com a análise anterior sobre os principais temas, trataremos agora de sintetizar todo o dito em alguns passos que consideramos que hão de ser dados para avançar na formação da Nação Humana Universal. De nenhuma maneira se esgotam aqui, senão que são só um ponto de partida para que os que compartam esse objetivo somem mais propostas.

Estamos falando de passos muito gerais, cada um deles para se completar se necessitará de outros pequenos passos prévios, já que tudo é um processo. O importante é ter algumas imagens dos objetivos básicos. E sobretudo recordar que, para poder alcançar o cimo da montanha da Nação Humana Universal,  os primeiros passos podem ser com os objetivos que resultem mais fáceis para abordar. Seguramente se pode fazer abordando por pontos, cada um por vez; mas tenhamos a certeza de que, para passar aos passos mais complexos será necessário articular-se para ganhar em forças. E essa articulação será mais viável se desde o início, se conectam com quem esteja buscando o mesmo objetivo.

Em primeiro lugar nos referimos a certos passos gerais, que como mecânica de trabalho deveria ter em conta os indivíduos, as organizações e os governos. E logo nos referiremos aos passos mais específicos que têm de ser dados em  cada área, os que deveriam ser apoiados pelos indivíduos, promovidos e exigidos pelas organizações e implementados pelos governos.

Pessoas

  1. Aderir ao projeto da Nação Humana Universal definindo-se como cidadão da mesma, estando disposto a receber informações das atividades que se realizem em torno a esse projeto comum.
  2. Apoiar com sua assinatura, ou com ideias ou com seu voto em consulta de base relacionadas com algum dos objetivos, ante conflitos específicos, locais ou regionais.
  3. Apoiar algumas atividades organizadas por movimentos sociais que trabalhem por algum dos objetivos.
  4. Integrar como voluntário algum dos movimentos ou organizações sociais.
  5. Em épocas de eleições, apoiar com o voto aos postulantes comprometidos com o projeto, se houver candidatos; e não fazê-lo nunca a favor de quem manifestadamente proponha políticas contrárias.
  6. Colaborar com a difusão dos ideais e objetivos da Nação Humana Universal em seu meio imediato.
  7. Propor-se na vida cotidiana a avançar na conduta coerente e solidária, tratando aos demais como deseja ser tratado, seja como simples ato de vontade ou capacitando-se com outros em valores humanistas.

Organizações e movimentos sociais

  1. Aderir como organização ao projeto da Nação Humana Universal.
  2. Organizar-se internamente mediante a prática da Democracia Real.
  3. Trabalhar por algum de seus objetivos, convocando voluntários, trabalhar sobre a temática,  difundir as atividades, visibilizando os conflitos.
  4. Mobilizar-se para exigir que as autoridades tomem as medidas que correspondam para solucionar os aspectos dos conflitos que lhes competem.
  5. Ante falta de respostas denunciar publicamente aos governantes, exigindo que se trate do tema mediante consultas populares e se habilitem instrumentos da democracia real.
  6. Coordenar-se com outras organizações que trabalham na mesma temática e organizar consultas populares, embora não estejam legalizadas, sobre como resolver a temática específica e pedir a renúncia dos funcionários.
  7. Articular-se com outras organizações a nível local e nacional, que embora trabalhem em outros temas,  possam aderir ao objetivo da Nação Humana Universal.
  8. Organizar foros conjuntos entre as organizações coordenadas e difundir em outra escala. Articular-se com organizações afins de outros países.
  9. 9.Incrementar a pressão sobre os governantes, por todos os temas da agenda das organizações, e continuar pedindo por instrumentos vinculantes da democracia real. 
  10. Intervir politicamente. Em primeiro lugar tentando  comprometer os partidos políticos afins a que tomem as propostas como próprias, e, em casos afirmativos difundir publicamente o compromisso e pedir apoio nas eleições. Caso contrário fortalecer a democracia real dentro da coordenadoria de organizações e conformar uma nova força política que concorra eleitoralmente.
  11. Convidar outras organizações e movimentos sociais para aderir ao projeto da Nação Humana Universal, a somar-se à estratégia política e trabalhar fortemente para tirar os políticos profissionais do poder.
  12. Avançar na articulação com organizações afins a nível internacional para intercambiar experiências e para organizar conjuntamente ações relacionadas a objetivos globais.

Governos

  1.  Aderir como governante ao projeto da Nação Humana Universal.
  2. Avaliar sobre quais objetivos se pode avançar em um curto, médio e longo prazos e atuar em consequência   ao nível que lhe corresponda.
  3. Com independência do tempo que possam  levar outros objetivos, começar em curto prazo com a abertura a participação social por meio de mecanismos da Democracia Real.
  4. Contribuir desde sua função, à difusão e organização de atividades relacionadas com os objetivos, no seio de toda a sociedade de sua área de influência.
  5. Relacionar-se e coordenar-se com os movimentos sociais, organizações e governantes que estejam trabalhando pelos mesmos objetivos, dentro de sua área de influência, e em outros níveis do país e a nível internacional.

Passos Específicos

Desarme

  1. Trabalhar na conscientização das populações de nações armamentistas sobre a necessidade de não sustentar com seu voto aos governantes que não se comprometam com o desarme como prioridade de sua política exterior.
  2. Coordenação entre organizações que trabalhem em torno ao tema da paz e o desarme, para organizar foros, eventos e mobilizações exigindo aos governos, em particular aos das potências militares, os seguintes pontos:
  3. Desmantelamento total de arsenais nucleares e de toda arma de destruição maciça.
  4. Campanhas de conscientização nas populações de países com conflitos, para fortalecer a valorização da paz e da vida frente ao horror da guerra, convocando  a consultas populares para apoiar os processos de paz.
  5. Tratados de paz, com a renúncia explícita da utilização de armas para a resolução de conflitos, enquanto se negociam as condições com o apoio da comunidade internacional.
  6. Proibição da venda de armas a países que não aceitam  os acordos de paz com  outras nações   ou estejam em guerra civil.
  7. Redução progressiva de armamento convencional , segundo avancem os acordos de paz.
  8. Reconversão progressiva da indústria bélica em uma indústria de máquinas e equipamentos para o desenvolvimento dos países com menos recursos.
  9. Proibição da venda de armas por fora dos limites acordados para a defesa nacional e a segurança interior de cada país.
  10. Incorporação nos sistemas educativos dos métodos de Educação para a Paz e a Não-Violência.
  11. Proibição da fabricação e venda de armas para o uso civil.

Nações Unidas

  1. Realizar foros locais e nacionais para debater qual o verdadeiro rol das Nações Unidas e como suas políticas afetam cada país.
  2. Coordenar campanhas mundiais de difusão denunciando a hipocrisia existente na ONU e em particular a manipulação que dela faz as potências.
  3. Denunciar em todos os países, mas em particular dentro do território das potências e membros do Conselho de Segurança, a cumplicidade dos mesmos com o estancamento na luta pela paz mundial, responsabilizando os governantes dessas potências.
  4. Campanhas pressionando a todos os governos para que levem ao seio das Nações Unidas as propostas concretas dos seguintes passos.
  5. Eleição democrática do Conselho de Segurança mediante o voto de todas as nações, sem membros permanentes com direito a veto.
  6. Impossibilidade de ser membro do Conselho de Segurança para países que agridam a outras nações ou que comercializem armas com países agressores, ou que facilitem ou não controlem o tráfico de armas.
  7. Abandonar a política de simples recomendação inócuas e estabelecer como requisito para se tornar membros o cumprimento das resoluções vinculadas com a sustentação da paz, a defesa da vida humana e a sustentabilidade do planeta.
  8. Pôr à disposição a capacidade organizativa da ONU para facilitar todas as iniciativas que emerjam das populações, convergentes com o avance para conformar uma Nação Humana Universal.
  9. No caso de não avançar as propostas no seio da ONU, conformar um bloco de “Países pela Nação Humana Universal”, que denunciem as manipulações das potências, desconhecendo sua autoridade moral para propor iniciativas e que empreendam ações conjuntas acordadas por dito bloco na direção dos objetivos mencionados.

Campanha para o Desenvolvimento Mundial

  1. Campanhas nacionais de conscientização sobre a importância de se solidarizar com todos os excluídos do mundo, começando pelos do próprio lugar, mas comprometendo também o apoio para outros países com situações mais críticas.
  2. Campanhas convocatórias para que sejam doados fundos ou materiais ou o próprio trabalho para contribuir ao desenvolvimento em diferentes territórios.
  3. Coordenar com organizações confiáveis já existentes e outras novas que se ponham em marcha com voluntários, para canalizar os esforços e ajudas materiais.
  4. Fortalecer e ampliar todas as atividades relacionadas à saúde e à educação somando a essas a capacitação ao trabalho em função de convênios para o desenvolvimento acordados com empresas e governos.
  5. Dar ampla difusão aos projetos de ajuda para obter maior respaldo civil e institucional aos mesmos.
  6. Exigir dos governos que se destine uma porcentagem do orçamento para essas campanhas, e apoios logísticos e a cobertura internacional desde as representações diplomáticas.
  7. Impulsionar um forte incremento no imposto dos bens suntuosos para que sejam destinados a essas campanhas, não somente como fonte de financiamento como sinal claro das prioridades que debe ter uma sociedade.
  8. Avançar progressivamente na exigência do apoio governamental até conseguir acordos internacionais pelos quais cada país se comprometa a destinar um porcentagem do seu PBI, escalonadamente do 0,3 até 3% segundo o nível de desenvolvimento.
  9. Para poder cumprir com tais compromissos gradualmente, estabelecer uma progressiva redistribuição dos orçamentos hoje destinados ao armamentismo para orientá-las ao desenvolvimento mundial.

Reestruturação do Sistema Financeiro Internacional

  1. Conscientizar às populações de que o pior flagelo da economia e o pior inimigo da democracia é o poder financeiro global, um câncer com ramificação em todos os bancos privados do mundo, que hoje controlam o parte do poder político do planeta. Se deve exigir aos governos que lutem contra seu domínio, antes de que sigam depredando a economia produtiva, esvaziando os estados e empobrecendo as populações. Se há um inimigo é esse.
  2. Outro passo no trabalho de conscientização por parte dos movimentos sociais, consistirá em produzir uma mudança de paradigmas ideológicos com respeito à visão que tem do mundo das finanças. Há que fortalecer a concepção de que os fluxos financeiros, produtos da poupança, devem ser destinados exclusivamente à produção produtiva. A renda financeira especulativa que se há naturalizado como uma atividade lícita e prestigiosa, debe ser degradada e despreciada; há que sugerir que se busque um trabalho digno.
  3. As mobilizações sociais em todo o mundo devem ser incrementadas para repudiar a especulação criminal de bancos privados e para exigir uma completa reformulação do sistema financeiro, atendendo os seguintes passos:
  4. Se debe começar a desmantelar o poder financeiro por passos, evitando que pelo complexo entramado das finanças com a economia real, haja impactos não desejados. Um primeiro passo será que cada país impeça mediante estritas regulações, a fuga de capitais para paraísos fiscais, desconhecendo toda legalidade às sociedades oofshore que operam nesses territórios.
  5. Devem ser realizados acordos internacionais para evitar triangulações financeiras que terminem em paraísos fiscais, restringindo o fluxo de capitais para nações que, sem ser paraísos fiscais, tampouco não contribuam com os controles internacionais.
  6. Os organismos financeiros internacionais atuais ao serviço do poder econômico e financeiro global, devem ser substituídos por um Banco Mundial Solidário, que assista às necessidades financeiras das nações, para que estas não sejam vítimas de usureiros e buitres. Este Banco começará a se capitalizar com cotas de parte das nações e com um imposto mundial sobre os grandes capitais e sobre as transações financeiras.
  7. Deve ser tirado dos tratados internacionais quaisquer cláusula que restrinja a liberdade de cada país para manter interesses, e tais medidas não podem ter limitações baseadas em tratados feitos à medida do poder financeiro mundial.
  8. Na medida que avancem as transformações financeiras nacionais, se poderá capitalizar ainda mais o Banco Internacional Solidário, que começará a financiar projetos produtivos regionais. Até que possa finalmente cumprir as funções de Banco Central Mundial, podendo emitir uma divisa comum para as comercializações internacionais, embora as nações mantenham sua própria moeda.

Livre Trânsito de Pessoas

  1. Se debe trabalhar fundamentalmente na conscientização e na sensibilização das populações, com respeito a situação dos imigrantes e refugiados. É uma tarefa das pessoas, das organizações e dos governos, mas fundamentalmente se devem por a esse serviço os meios de comunicação de massa.
  2. A população debe ser posta em situação de perceber a humanidade e a sensibilidade do estrangeiro, para que o sinta como um irmão e não como invasor. Devem ser destivados os prejuízos, o temor à competência pelos emprego e o uso dos serviços públicos, ou de insegurança.
  3. As organizações sociais deveriam gerar espaços de integração entre nativos e imigrantes para facilitar a convivência. O choque cultural se resolve com respeito à diversidade e integração, e não com o rechaço e a formação de guetos isolados.
  4. Os governos devem planificar a integração social e de trabalho aos imigrantes, de igual modo que devem fazer com os nativos.
  5. Os convênios entre as nações devem ser ampliados com objetivo de uma total abertura de fronteiras, tentando orientar a migração para onde existam melhores oportunidades, mas sem impor restrições.
  6. Afiançar o conceito de que nenhum ser humano é ilegal.

Deter o desastre ecológico

  1. Se bem que o tema ecológico tem sido muito conscientizado entre as populações, se deveria redobrar o esforço por parte de movimentos sociais, sobretudo pondo ênfase de que o problema central é o cosumismo desenfreado que leva a depredação dos recursos, à contaminação e ao aquecimento global.
  2. As campanhas que são realizadas para frear o aquecimento global e a depredação dos recursos deveriam enfatizar não somente os fatores diretos do problema, mas sobretudo na sua raiz, ou seja, o consumo. Tem que explicar que a transformação do sistema econômico é condição indispensável para reverter o desastre ecológico, e que a cultura do consumismo, do qual boa parte da população participa, deve ser mudada.
  3. A cultura do descarte debe ser substituída pelo de bens duráveis; se deve ganhar em sobriedade no consumo de objetos e orientar-se para a demanda de serviços sem impacto ambiental.
  4. Se bem o desenvolvimento de cada país é matéria de planificação nacional, devem existir acordos para avançar na transformação da matriz do consumo. Nos países menos desenvolvidosainda falta crescer o consumo de insumos materiais e de serviços, mas nos países mais desenvolvidos e na franja mais rica do resto das nações, se debe diminuir o consumo material e crescer o de serviços.
  5. A transformação da matriz de consumo debe ser planificada em passos graduais para que não haja um impacto no aparelho produtivo que gere desemprego. Se deve planificar uma reengenharia desse aparelho para uma reconversão gradual.
  6. Deve ser introduzido o conceito de Bio-economia, no sentido de que seja incorporado um custo pelo “rastro ecológico” ao valor de cada produto, para desalentar o consumo de produtos de maior impacto ambiental.
  7. Se debe financiar e subsidiar a produção de energias alternativas, como a solar, eólica e hídrica, para o qual se pode derivar parte da rentabilidade da indústria do petróleo.
  8. Para o caso de todos os recursos não renováveis se debe usar o critério de por um imposto aos produtos que utilizem os mesmos,e com esse recurso subsidiar a indústria do reciclado de tais insumos.
  9. A nível nacional se deve obrigar às empresas que contaminem a invertir em tecnologia não contaminante. A nível internacional se deveriam colocar barreiras a todos os produtos provenientes de nações que ainda contaminem na fabricação dos mesmos.
  10. Os tratados de comércio internacionais deveriam se despojar de sua característica neo liberal de livre mercado, e regular o comércio internacional sobre as premissas de baixar drasticamente os fatores contaminantes.

Rebelião cultural frente a manipulação midiática

  1. Se deve desmascarar ante as populações a farsa manipuladora dos grandes meios de comunicação e sua dependência dos poderes econômicos privados ou estatais. Um primeiro passo é a difusão de informações a respeito dos interesses reais que existem por trás de cada meio de comunicação, em contraste con sua aparente neutralidae e independência jornalista.
  2. Tem que explicar como, a partir de interesses econômicos se fomenta o consumismo na população, o que leva a uma concentação econômica ea depredação dos recursos naturais. Como a partir de interesses do poder econômico e político se influi no comportamento eleitoral, para que nada mude demasiadamente.
  3. Se debe avançar em uma análise psicológica e social para explicar como funciona a manipulação da mídia, e como o receptor passivo e ingênuo pode ser manipulado. Como se pode modelar o imaginário coletivo e assim instalar necessidades fictícias, desejos, pontos de vista, verdades absolutas, “sentido comum”, medos, confiança institucional, patriotismo exagerado, valorização da superficialidade, conformismo e outras modalidades de lavagem cerebral.
  4. As organizações e movimentos sociais podem trabalhar na instalação da temática e contribuir para sua difusão, embora seguramente a produção de feitos culturais referidos ao tema surgirão da inspiração de pessoas ou grupos espontâneos. Desde a arte gráfica, a literatura, o teatro, o cine, a música e outras expressões culturais se poderão contribuir para por em evidência e em ridículo a manipulação da mídia.
  5. Tais feitos culturais contestadores podem começar desde p mais simples e transmitidos por redes sociais, chegando até obras completas de teatro, filmes, músicas, revistas e expressões de todo tipo.

Direitos Humanos

  1. Todas as propostas para a formação da Nação Humana Universal se relacionam com algum tipo de Direitos humanos, pelo qual já se compreende a conscientização sobre os mesmos, mas de todas as maneiras sempre haverá que destacá-los, e sobretudo colocando em evidência a hipocrisia que significa sua reclamação por parte de quem as viola sistematicamente.
  2. As reclamações que se façam sobre as violações aos direitos mais fundamentais, para que sejam acreditados, deverão se despreender de todo traço ideológico, para evitar cair em um contraste de denúncia ou justificativas, segundo seja o bando de quem violou o direito.
  3. Mais que conscientizar para que seja percebido a importância dos Direitos Humanos, haveria que trabalhar para que se perceba o humano em cada habitante da Terra, e como consequência devem ser respeitados seus direitos. A população debe ser sensibilizada a respeito do sofrimento de muitas pessoas que, embora não se diga em voz alta, em boa parte do imaginário coletivo aparecem como sub- humanos, se relativizando assim, a importância de seus direitos.

Democracia Real

  1. O primeiro passo consiste em que todas as organizações e movimentos que trabalhem por algum dos objetivos da Nação Humana Universal, exercitem internamente a democracia real. Isso implica, no mínimo, delegar funções por eleição direta e mecanismos de revogação ágeis; implica um fluido contato das funções no conjunto através de um entorno deliberativo, participativo, flexivel, propositivo e implica em consultas vinculantes para decisões de relevância.
  2. Todas as pessoas que se organizem espontaneamente em torno ao surgimento de um conflito, deveriam se propor ao sustento de essa organização, mediante a prática da democracia real, já seja para manter vigente o trabalho sobre esse conflito específico, como para abordar novos temas.
  3. Toda vez que se organizem reclamos ante os organismos públicos, para solicitar a solução de um conflito específico, se deveria também reclamar para que sejam incorporados mecanismos da democracia real, que abram canais de participação popular para posteriores conflitos.
  4. Cada organização deveria impulsar e predispor a um primeiro nível de articulação com outras organizações locais afins, por meio de intercambios, foros e atividades conjuntas, para ganharem em força à hora de trabalharem pelos conflitos e de exigir os instrumentos de democracia real. Dita articulação entre organizações deveria transitar também sobre a prática da democracia real.
  5. Toda coordenação entre as organizazções deveriam ter uma postura clara de transformar o sistema, com objetivos políticos definidos. Por tal motivo o mais importante será conseguir que a potência do conjunto não se debilite em discussões secundárias.A cada etapa deliberativa que permita aclarar a direção, debe seguir uma etapa de ação que todos acompanhem.
  6. A articulação entre organizações deveriam ir se convertendo em um movimento político inclusivo, ao que se somam especialistas em diversas áreas, avançando na elaboração de projetos de lei para a elaboração de diversas temáticas. Tais projetos deveriam ir se processando em sinergia com as opiniões e inquietudes que surjam no entorno deliberativo do conjunto. Através de mecanismos ágeis de uma participação cidadã que não se limite aos membros das organizações.
  7. Ante conjunturas eleitorais se deverão avaliar se as organizações se limitam a um rol de pressão política, comprometendo determinados candidatos a levarem suas propostas, ou se pelo contrário se incursiona na arena política com candidato próprio. Mas em todo momento a prioridade deve ser, ademais dos objetivos específicos, o compromisso de instituir intrumentos da democracia real nas políticas públicas, como os que se mencionam a continuação.
  8. Gerar espaços de intercâmbio e deliberação cidadã sobre diversos temas, por meio de todas as tecnologias de comunicação disponíveis, obrigando aos meios privados a ceder espaço a tais efeitos. Facilitar a opinião, a crítica e as propostas das pessoas mais participativas da sociedade em uma porcentagem significativa, gerando um ambiente democrático dinâmico, que neutralize a tendência ao estancamento institucional.
  9. Capacitação da população, através dos meios de comunicação, outorgando espaços similares ao porta-voz de diversos pontos de vista sobre os temas a debater, nos tempos prévios às consultas populares.
  10. Instituir consultas populares vinculantes acerca de temas que apareçam como relevantes por iniciativas cidadãs ou governamentais, definindo tanto para o nível municipal como nacional as temáticas e frequências possíveis das consultas. Se deverá ir por passos, do mais simples ao mais complexo e desde uma mínima frequência anual das consultas para uma frequência maior à medida que avance a capacitação e agilidade dos canais de participação.
  11. Incorporar a revogatória de mandatos para que os funcionários que tenham um mal desempenho possam ser exonerados por uma porcentagem de votos dos eleitores.
  12. Incorporar uma lei de responsabilidade política, em virtude da qual os candidatos antes de cada eleição devam apresentar por escrito seus compromissos para a gestão depois de assumir e ante o não-cumprimento exonerá-los do cargo.
  13. Eleição direta de juízes e delegados de Polícia, com um calendário diferente ao das eleições legislativas ou executivas.
  14. Incorporar os orçamentos participativos a nível municipal e de consultas sobre linhas orçamentárias generais em níveis regionais e nacionais.
  15. Consultas populares vinculantes a respeito de temas internacionais, já se trate de decisões da política econômica exterior de cada país, ou se trate de decisões regionais ou mundiais, no marco de uma dinâmica de complementação internacional para a formação da Nação Humana Universal.

Economia mixta

  1. Profundizar o questionamento aos paradigmas da economia capitalista e neoliberal, como a teoria do derrame, a auto regulação dos mercados, o interesse bancário e o culto à propriedade privada.
  2. Instalar o paradigma de “Direitos iguais e iguais oportunidades para todos” explicando seu verdadeiro significado , seus fundamentos e consequências.
  3. Terminar com o desvio financeiro das ganhos empresariais para a especulação e a usura, obrigando a reinversão produtiva através da aplicação escalonada do imposto de renda, com taxas inversamente proporcionais à porcentagem de tal inversão e à geração de emprego.
  4. Criação de uma Banca Estatal sem Interesse, descentralizada, que comece a operar com os bancos estatais e se financie com os fundos públicos, poupança privada e uma política expansiva do Banco Central.
  5. Canalizações escalonada das poupanças privadas para a Banca Estatal sem Interesse, começando pela estatização dos bancos em quebra, seguindo pela derivação de todos os depósitos à vista para os bancos estatais. E continuando com o kit de garantias dos depósitos em bancos privados que não cumpram com estritas regulações ou não financiem a produção.
  6. Proibição absoluta de práticas usureiras e especulativas, pondo todo o sistema financeiro ao serviço do desenvolvimento, reduzindo a sua mínima expressão e tirando toda a cobertura do banco central ao banco privado que não se integre nesse projeto.
  7. Política monetária expansiva de precisão, dirigida ao financiamento de projetos produtivos planificados em coordenação entre o setor produtivo e o setor privado.
  8. Formação nos municípios de um Comitê de Desenvolvimento Local conformado por centros educativos, empresas, trabalhadores, desocupados e setores do governo, com o fim de elaborar e por em marcha projetos produtivos que potenciem as capacidades do lugar, em articilação com a economia nacional e regional.
  9. Adequar a legislação trabalhista para promover uma gradual participação dos trabalhadores nos lucros, na propriedade e na tomada de decisões das empresas. Buscando um equilíbrio entre os direitos do empresário a respeito de sua inversão e os direitos dos trabalhadores a respeito de sua contribuição integral ao funcionamento da empresa.
  10. Melhorar a distribuição do ingresso em sua fonte. O dos trabalhadores mediante a participação em uma porcentagem dos lucros. O dos empresários produtivos pequenos e medianos, mediante a desarticulação dos monopólios que se apropiam da maior parte da cadeia de valor.
  11. Desarticulação de monopólios mediante estritas regulações, mas sobretudo mediante o impulso de múltiplas novas empresas nas áreas das economias monopolizadas, apoiando-as com financiamento, promoção industrial e capacitação, em uma ação coordenada entre o Estado e as pimes.
  12. Desrticular os monopólios de comercialização que exploram os pequenos produtores, gerando cooperativas com maior força de negociação e promovendo a diversificação dos atores na comercialização nacional e internacional.
  13. Campanhas de conscientização a respeito da manipulação da mídia que exercem as grandes marcas para condicionar o consumidor e conseguir monopolizar os mercados com rentabilidade desproporcionada com respeito ao custo produtivo.
  14. Regular o mercado de capitais, evitando a inversão especulativa, estabelecendo prazos mínimos entre a compra e venda de ações e cobrando uma taxa em cada operação.
  15. Planificação do desenvolvimento produtivo geral buscando transformar a matriz consumista e depredadora dos recursos naturais, em outra de consumo racional e equilibrado para todos os setores da sociedade. Fortalecer o crescimento nas áreas de serviços, otimizando a saúde, a educação e a investigação.

Paradigmas culturais

  1. Questionar por todos os meios de comunicação possíveis os valores do anti-humanismo, como a violência em todos os campos, o individualismo, o consumismo, a falta de solidariedade. Tipificar as condutas anti-humanistas em um “decálogo da estupidez humana”, que ajude a que cada qual internalize a necessidade de mudar.
  2. Implementar em todos os níveis educativos a Educação Para a Não-violência. Propor como consigna de conduta a resistência a todo tipo de violência.
  3. Conscientizar sobre a mudança de valores não desde uma prédica moralista, se não desde a mesma ação em torno de qualquer dos projetos da Nação Humana Universal.
  4. Conscientizar a respeito de que os valores humanistas são universais e portanto, envolve a relação com os mais próximos, mas também com todos os habitantes do planeta.
  5. Fortalecer como a maior referência interna da conduta de cada qual o apego a Regra de Ouro: “ Tratar aos demais como quer ser tratado”.

SINTESIS

Cada passo dos que foram enumerados se pode empreender como um projeto em si mesmo, em diferentes lugares e momentos. De feito, há muita gente trabalhando em torno a alguns desses temas em todo o mundo. Porém, não é comum a articulação entre os que trabalham com objetivos similares, e muito menos comum entre os que trabalham em diferentes áreas. Em muitas ocasiões, os caminhos que se cruzam geram contradições, em lugar de convergência.

Cada um dos conflitos a resolver, cada realidade por transformar, seguramente despertam em muitas pessoas a necessidade de trabalhar assim, e nessa necessidade, nessa inquietude, n a vontade de mudança própria da intencionalidade humana, habita a esperança e o motor dessa utopia. Porém, nem sempre a energia se aplica de forma eficaz, nem sempre se aponta ao objetivo a ser alcançado. Em muitas ocasiões se termina aceitando mudanças supérfluas ou se vai atrás de metas efêmeras que os poderosos se ocupam de postergar constantemente; ou simplesmente se utiliza toda a energia para que os poderosos escutem os reclamos, confiando em que os atenderão.

É por isso que aquí temos tratado de apresentar os passos não somente como um avanço progressivo para a resolução dos conflitos, senão sobretudo como um escalonamento irreversível no qual, à medida que se ascende alcançando novos níveis de transformação social, se vá desarticulando e debilitando o poder do anti-humanismo, para que não possam retroceder ao ponto de partida. Por que não tem sentido trabalhar na conscientização ecológica, se não mudamos aos governantes que não fazem nada pelo meio ambiente, porque são cúmplices dos depredadores. Também não tem muito sentido reclamar constantemente por uma justa distribuição da riqueza, se não trabalhamos também pela transformação do sistema econômico. Não tem sentido protestar pelas guerras e o armamentismo, se não se trabalha para tirar o poder dos violentos.

Atrás de cada conflito, atrás de cada obstáculo no caminho para a formação da Nação Humana Universal, tem um poder que deve ser desarticulado, e não o devemos confundir com um aliado a que se tem que pedir que se ocupe por nós de realizar as mudanças.

Mas, além dos obstáculos nessa subida, está a força da gravidade que nos empurra para baixo, que não são mais que nossas próprias debilidades, das quais tem que se sobrepor com a força que habita no espírito humano.E essa força se desperta com a luz das utopias, tal como o proclamamos ao começo, no exordio; dificilmente se encontram as forças para avançar se só se conta com uma teoria, ou com diversas receitas de ação para problemas pontuais.

Quando nos referimos a quem poderiam ser os atores da mudança falamos da mística social necessária, a partir do qual grandes conjuntos humanos podem mobilizar-se. Mas também nos referimos à necessidade de ganhar em inteligência conjunta, encontrando procedimentos organizativos dinâmicos que facilitem a participação. E sobretudo falamos da necessidade de se articular entre todas as frentes de ação com o mesmo objetivo de largo prazo da Nação Humana Universal, para conseguir o esforço coletivo indispensável para enfrentar os poderes do anti-humanismo.

Mas, assim como é necessária a imagem de largo prazo de uma utopia que nos fortalece em todo momento e que nos unifique na ação, também é necessário ter imagens sobre o que se poderia fazer em torno a cada problemática, cada conflito, em cada lugar e momento. E por isso é que temos analisado as principais áreas nas que se devem realizar profundas transformações, e temos detalhado os passos que haveriam de dar em cada caso. Então, cada passo pode converter-se em um fim em si mesmo, onde o reflexo para se mover responderá ao estímulo de cada objetivo imediato, mas a fonte de energia para não desistir ante os fracassos, estará nessa utopia individual e conjunta a sua vez.

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